As revoluções que dão certo

Quem gosta de História e Filosofia enfrenta costumeiramente a reflexão sobre quais revoluções produziram efetivas mudanças na humanidade. Essa parece ser a abordagem mais fácil. A mais difícil , contudo, é saber quais revoluções produziram as mudanças que propunham, principalmente porque para esta reflexão a narrativa pode ser mais determinante do que a análise.

Veja a Revolução Francesa. Ela inicia com um ideário anti-absolutista e termina com o início do Império Napoleônico. É um contrassenso em si. Não há como se negar, entretanto, que os ideais franceses de maior liberdade e igualdade produziram efeitos definitivos nas sociedades envolvidas até o presente.

A Revolução Farroupilha, única que não terminou com a supressão do governo central na História brasileira, não conseguiu praticamente nada do que propunha, mas não há como negar que ajudou a formar a imagem do gaúcho, algo nem tão homogêneo, nem tão atemporal, mas de importância social clara.

A Revolução Norte-americana e a Independência das 13 Colônias parecem atingir um ponto mais próximo do objetivo. Melhor dizendo: ultrapassaram em muito o objetivo inicial, que era igualar os direitos dos colonos aos ingleses, dentre outros.

Agora analise um outro modelo. Buda propôs uma nova forma de ver a vida e isso influenciou todo um conjunto de nações e pessoas. Jesus Cristo idem. Aliás, os valores iluministas do Século XVIII que transformaram o homem moderno em contemporâneo são valores cristãos (liberdade e igualdade), transformados em ideologia por intelectuais. Essas proposições são políticas? Que repercutem politicamente não há dúvida. São proposições ideológicas? Que propõe um novo ideal não se questiona.

Ao fim e ao cabo, parece que as revoluções que funcionam são as que atingem os que estão prontos para as elaborações que se enfrenta, sejam pessoas, sejam governos, sejam sociedades.