Leituras que eu li 2

Levou muito tempo, mas estou voltando a sugerir alguns livros. São dicas de leitura para quem gosta. Sem maiores delongas, vamos lá…

Ivair Gontijo narra em “A Caminho de Marte” a sua história de vida, desde pequeno no interior de MInas Gerais , passando pela escola pública e pelo trabalho como capataz de uma fazenda, até chegar ao JPL (Laboratório de Propulsão a Jato, em inglês) na NASA. Além da sua trajetória pessoal, explica o início e os avanços da corrida espacial e descreve o trabalho de enviar o Curiosity ao Planeta Vermelho.

É um livro rico para quem busca evidências de que os sonhos são realizáveis e o esforço pessoal te leva a realizá-los. Ao mesmo tempo, o autor sacia a curiosidade dos interessados em ciência e astronáutica sobre o cotidiano dos profissionais que atuam na área.

Em “O Homem que Amava os Cachorros”, o cubano Leonardo Padura narra duas histórias: a do líder político marxista russo Trotski até encontrar o seu algoz Ramón Mercader, no México, e do personagem Iván, que teria conhecido personagens desta história e a narra com bastante detalhes.

É um livro que ajuda a conhecer os pormenores da luta político-ideológica do início do Século XX, especialmente na Rússia e Espanha, e a repercussão em Cuba, décadas mais tarde. Vale para desconstruir ilusões e melhorar a análise histórica destes fatos.

“A Grande Espera” é um livro psicografado por Coralina Novelino e narra a história do povo Essênio, uma seita hebraica que preexistiu ao cristianismo, constituída de fiéis que esperavam a chegada de Jesus e participaram da sua formação. Os essênios, hoje se sabe, habitaram diversos lugares do Oriente Médio e se tornaram popularmente mais conhecidos depois da descoberta dos Manuscrito do Mar Morto, que tratam dos mesmos temas apontados no livro. Vale pelo conhecimento histórico e religioso.

Se você já leu algum desses, por favor, me diga como foi a tua experiência! Até a próxima!

Por que somos desonestos?!

O Brasil está há décadas no grupo dos países mais violentos, mais corruptos, mais desonestos e onde mais morrem pessoas no trânsito. Há décadas! Isso sem contar nossa relação permissiva com o tráfico.

Por que cargas d’água ainda não entendemos que vale a pena ser honesto?! Por que ainda não entendemos que vale a pena fazer a coisa certa?!

Recentemente estava lendo sobre a educação de superdotados. Você sabia que crianças superdotadas tendem a ter um senso de justiça apurado? A inteligência (a verdadeira) tende a produzir pessoas mais honestas.

Será que somos desonestos por burrice?!

Toda a argumentação sobre nossa colonização portuguesa e a histórica relação da corte lusa com a corrupção, vale até hoje?! Passados quase duzentos anos de independência e mais de um século de educação pública, vale até hoje a influência de nossos colonizadores?!

Já não aprendemos na escola, nos livros, nos filmes, nas conversas que não vale a pena ser desonesto e sustentar qualquer atividade criminosa?! Vamos continuar achando que a culpa é do colonizador, dos americanos, dos comunistas, dos traficantes, dos políticos?!

O que falta para o Brasil é o brasileiro decidir torná-lo um país melhor. É simples assim. Quando a maioria honesta do Brasil se tornar intolerante aos que saem da linha, o Brasil se tornará outro lugar para se viver. Depende de cada um mudar imediatamente o trato ou a permissão à desonestidade, ao descumprimento das regras e ao respeito geral. Isso passa por ser pontual, por cumprir o que combinou, por dar atenção ao que está fazendo, por ouvir antes de julgar.

Presta atenção: não há polícia, não há Estado, não há educação que mude uma nação que não se importa. Só quem nos muda somos nós e nós não mudamos os outros.

Comece em casa respeitando, seus pais ou padrasto, sua esposa e esposo, seus filhos. Se você acha que existe outro lugar para começar, então você começou mal.

O que é materialismo?

Depende.

Ao confrontarmos o conceito com as religiões, materialismo é o desapego às questões do espírito e o apego às coisas do mundo. É a valorização de objetos e coisas.

Esse, contudo, não é o único conceito. Podemos confrontá-lo com o racionalismo, uma escola filosófica, assim como o positivismo.

Não quero apresentar todos os modais conceituais do que significa materialismo. Não é essa a proposta. Quero mostrar, independentemente do conceito, o que é não ser materialista.

Quando era jovem conheci um comissário de bordo que vivia numa casa de madeira muito simples, em Esteio. Certa vez me disse ele que já fora a todos os continentes e que falava cinco idiomas. Começou a me explicar que desde cedo sonhava em conhecer o mundo e que, por isso, começou a estudar idiomas por conta própria.

Conheço uma médica já idosa que viveu a vida trabalhando em Postos de Saúde da rede pública. Com certeza isso não representou a maior possibilidade de ganhos financeiros, o que se verifica no patrimônio e nas condições de vida dela.

Tenho um amigo, colega de formatura, que nasceu numa condição social muito complicada e, com um esforço exemplar, conseguiu graduar-se em Direito numa faculdade particular (afinal, o ensino superior público só era acessado pelas classes mais altas). Ao formar-se buscou conduzir sua atuação profissional em atividades de cunho social e assistencial.

Vejamos que não é necessário conceituarmos para entendermos que o desapego aos bens materiais costuma ser uma forma de enfrentamento da realidade do mundo. Há pessoas que precisam ser bem remuneradas para sentirem-se importantes no mundo e satisfazerem sua auto-estima. Há, contudo, pessoas que ultrapassam essa fronteira social e pessoal e, ainda que podendo dispor de outra condição, escolhem uma vida vinculada aos seus valores pessoais, ainda que os valores financeiros decorrentes não sejam os mais satisfatórios.

Sempre me pergunto se não criamos uma nova escravidão no nosso tempo, não mais submetida a um senhor humano, mas a um senhor monetário e estamental. Não imagino vivermos uma vida num trabalho que não nos realiza, simplesmente por dinheiro (ainda que muitas pessoas se realizem em ganhar dinheiro).

Então: conhece alguém que vive sua vida para ganhar dinheiro simplesmente? Conhece alguém que aprendeu a ganhar dinheiro com algo em que se realiza? E conhece alguém que vive bem, se realiza profissionalmente e faz diferença no mundo?