Mundo Bipolar

A Guerra Fria (período que se estende entre o fim da Segunda Guerra e o fim da União Soviética) foi marcada pela existência de uma bipolaridade ideológica, com os EUA liderando o bloco capitalista e a URSS o bloco socialista. Ao final, em 1991, a URSS dissolveu-se, marcando o fim da bipolaridade com a “vitória” do capitalismo.

Não é difícil percebermos que a bipolaridade esteve presente na História antes desse período também. Ela foi marcada, por exemplo, no tempo do Império Romano, entre os imperialistas e os anti-imperialistas. Foi marcada mais tarde entre cristãos e muçulmanos, nas Cruzadas. Mais adiante entre Católicos e Reformistas. Depois entre Absolutistas e Iluministas. Depois ainda entre monarquistas e republicanos. Veja, há incontáveis exemplos.

Carl Gustav Jung ensinou que estamos submetidos ao inconsciente coletivo que, até que tenhamos consciência da sua presença, nos influencia sem nossa percepção. Parece que a humanidade sente-se confortável num mundo bipolar, onde lados claramente estabelecidos lhe dão conforto e segurança do que esperar.

No presente ainda temos bipolaridades explícitas. A mais palpável é entre direita e esquerda, uma bipolaridade que perdeu o sentido, seja pela inexatidão das suas pautas, seja pela instabilidade conceitual. Contudo, penso que a bipolaridade efetiva do nosso tempo se dá entre autocratas e democratas, ou seja, entre aqueles que preferem impor os valores e os sistemas que defendem e aqueles que preferem debatê-los, elaborá-los e, se for o caso, elegê-los.

Há um bloco autocrata claro no mundo, composto por China, Rússia, Coreia do Norte, ditaduras africanas e latino-americanas e seus simpatizantes. E há o bloco democrata, que transita em sistemas mais ou menos liberais, mais próximos ou mais distantes da social-democracia, mas ainda assim democrata, representado pela maioria dos países europeus, Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Japão e alguns outros.

O Brasil ainda não escolheu o seu lado. Temos um regime autodenominado capitalista, onde o Estado regula (e quase monopoliza boa parte dos sistema produtivos), produzindo o que há de pior nas economias de mercado (que é a falta de concorrência por imposição estatal) e nas economias excessivamente reguladas (que é a dificuldade dos pequenos crescerem formalmente). O mais interessante nessa reflexão é que não faltam argumentos nobres para a defesa desse sistema híbrido e nefasto, mas tais argumentos só se sustentam quando dissociamos a realidade do ideal, acreditando que podemos construir um mundo justo a partir de injustiças e distinções.

Reflete aí: o Brasil tem se aproximado do mundo democrata ou autoritário?! Que te parece?!