A Idade das Trevas

Há uma parte da história ocidental em que uma instituição dominou o mundo. Ousava ditar todas as regras de convivência, estabelecendo a moral a ser praticada pelas sociedades a ela vinculadas. Essa instituição era a principal captadora de recursos monetários e materiais, distribuindo-os aos seus colaboradores e líderes. Ela também era a principal educadora, perpetuando entre os seus súditos os valores que entendia devessem ser manejados. Além de tudo isso, possui poder de polícia, bélico, ideológico, jurídico… julga e condena aqueles que não concordarem com suas imposições.

Você deve estar achando que estamos falando da Igreja na Idade Média. Não estou. Estou falando do Estado em nossa época.

Hoje parte da História já não aceita mais chamar a Idade Média de Idade das Trevas (ou Noite de Mil Anos)… sabe-se que muito o Ocidente aprendeu e evoluiu com a atuação da Igreja Católica. Penso, daqui a uma era, sabe-se lá daqui a quantos anos, vamos avaliar a atuação do Estado, o grande concentrador de tudo nos dias atuais, com o mesmo rigor e condená-lo por seus abusos, assim como cultuá-lo por suas implementações institucionais.

Cabe a nós, em nosso tempo, reconhecer que nem tudo que nos parece perene e definitivo o é. Nem tudo que diz servir a um propósito efetivamente serve.

A história humana possui instituições e valores que mudam muito lentamente e costumam ser absorvidos com imposições e arbitrariedades. Não houve ainda em nosso passado um momento em que a liberdade pode ser usufruída, o que é compreensível quando a violência ainda é o método de disputas de interesses mais comum.

O Estado evolui lentamente, não sem manter privilégios, castas, injustiças. Precisamos retomar a ideia de que ele serve à sociedade, a mais nada, a mais ninguém.